Resenha da Graphic Novel: Cowboys & Aliens

Eu já havia visto o prólogo dessa linda graphic novel de “Cowboys & Aliens” em um site internacional, onde colocaram as primeiras páginas como amostra, para deixar a gente com gostinho de “queiro mais. E estranhei, pelo que vi dos trailers do filme, a falta de um dos elementos mais cruciais: os índios!

Sim, como vocês podem ver pelas imagens do prólogo (veja aqui em inglês a amostra), os alienígenas, os invasores na história da HQ, são equiparados aos homens brancos que roubaram, durante a dominação americana da época do Velho Oeste, as terras dos índios.

Prólogo

“Acreditavam que tinham o direito ― até mesmo o dever… de dominar os “índios selvagens e impiedosos, cuja regra sabida é a guerra sem distinção de idade, sexo e condições.” – citação da Declaração de Independência dos Estados Unidos da América, do prólogo da história, logo na segunda página.

Fui me informar mais a respeito da adaptação para o cinema e fiquei sabendo que serão muitas as alterações feitas na história da graphic novel nessa adaptação para o cinema, e devo dizer que a ausência dos índios (pelo menos, o que o trailer nos mostra) me desanimou um pouco em relação ao filme, já que simplesmente me apaixonei pelo enredo.

A partir de premissas simples, a história é muito bem desenvolvida até chegar a um desfecho que, por vários motivos que não posso revelar, pois seria spoiler demais (saiba mais sobre essa criatura chamada Spoiler MOR), desmancha-prazeres total, fizeram com que eu me lembrasse de Star Trek, a série clássica. Em vários episódios, para falar a verdade.

Há, inclusive, em Star Trek, um episódio especificamente passado no Velho Oeste ― “Espectre of the Gun”, mas não é só esse o elemento em comum. Os fãs de Star Trek talvez consigam, como eu, captar as minhas analogias ao lerem.

Em meio à guerra e luta pela dominação, parece não haver limites para aquilo que usam como desculpa para devastar e matar: o progresso.

E quanto ao número incontável de pessoas cujas vidas e terras foram perdidas? Elas eram vítimas lastimáveis ― do progresso.

Nesta realidade alternativa, no ano de 1873, quase cem anos depois da independência dos Estados Unidos (em nossa realidade), em Silver City, invasores brancos, cowboys, índios (apaches) e alienígenas dividem a cena, e o maior vilão da história são os alienígenas. Eles são, nesse mundo em que os humanos brigavam por terras e por domínio, uma ameaça muito maior e, como é de se imaginar, inimigos têm de se unir para lutarem contra um inimigo maior.

Como o ditado… O inimigo do meu inimigo é meu amigo.
Nesse trecho do modo campanha do jogo, o mais interessante
é que o alien Zeratul da raça Protoss cita o “equilíbrio” entre as espécies.

Essa é uma premissa bastante comum não apenas em filmes com alienígenas e/ou de guerra, mas em muitas obras que lidam com temas de guerra, inclusive o jogo Starcraft, em sua versão II atualmente, ou até mesmo o clássico “Inimigo Meu” de 1985 que é mais focado para o drama.

O trailer conta alguns spoilers do filme, mas vale muito a pena
pra realmente entender o motivo pelo qual esse filme é tão emocionante 🙂

Quando um cowboy e os índios estão deflagrando seus conflitos, eis que cai do céu uma nave alienígena, que acaba dispersando a briga entre esses dois lados e que já chega trazendo destruição, não apenas com a queda em si, mas com a demonstração de poder imediata do Comandante Dar, cuja primeira fala na Terra é a seguinte:

 <Protejam o perímetro e levem esses mamíferos para catalogação e dissecação>.

Um dos pontos interessantes é o armamento dos alienígenas, que acaba caindo nas mãos dos humanos. Posso adiantar que um dos usos delas é formar outras espécies de armas, como podemos ver nas armas (inclusive também verdes) formadas/criadas pelos anéis dos Lanternas Verdes.

… quando o firmamento se rasgou em pedaços! Lá de cima, foi entregue a mim… um maná dos céus!

A propósito, se as “armas” dos humanos são, no geral, inferiores, já que as armas dos alienígenas comandados por Dar são destruidoras de grande potência, é justamente o cérebro e a inventividade que se mostram as melhores armas nesta história.

A crítica maior da graphic novel parece ser justamente à necessidade dos seres (humanos ou não) de dominação, e a comparação dos alienígenas com os homens brancos é apenas o começo da história, ela própria se passando em uma realidade alternativa e, inclusive, o padre que aparece na história cita uma obra de Julio Verne (a qual ele carrega consigo), “Da Terra à Lua”, inclusive fazendo uma comparação do que este escritor escreveu com o que está acontecendo na história em quadrinhos. É, no mínimo, curioso que o padre seja a pessoa que está com essa obra de Julio Verne, não só nas mãos, como ainda lendo este livro.

Quando lhe perguntam que livro era aquele, o padre responde:

Apenas uma leitura para passar o tempo… As ideias fantasiosas de um francês sobre uma jornada aos céus em um transporte em forma de bala disparado por um canhão.

A história de “Da Terra à Lua” é a seguinte: Após a Guerra de Secessão, os Estados Unidos entram num longo período de paz, o que preocupa demais os membros do Clube do Canhão. Afinal, o que farão das suas vidas sem nenhuma guerrinha onde poderiam exercitar todas suas habilidades e conhecimentos bélicos, principalmente na criação de balas e canhões? Mas a monotonia não dura muito, pois o excelentíssimo Sr. Impey Barbicane, presidente do Clube do Canhão, já tem planos muito bem traçados para o futuro. Planos que literalmente vão da “Terra à Lua”.

Mais adiante, ainda o mesmo padre comenta sobre a invasão alienígena citando novamente a obra de Verne:

De acordo com o Monsieur Verne, muitos estudiosos teorizaram sobre criaturas com asas de morcego que vivem no céu e…

Temos também o clássico traidor, como vistos em diversas histórias clássicas e contemporâneas, de diversos gêneros, que trai os seus semelhantes (grupo ou espécie) em uma tentativa de sobreviver. Nesse caso, o personagem meio que acaba desprezado, mal visto por ambos os lados. Não vou contar aqui se ele morre ou não. Vários elementos da história nem devem ser mencionados para não estragar a graça para o leitor (inclusive sacadas e reviravoltas interessantes, principalmente do lado apache da história), mas espero que tenha conseguido deixar vocês com vontade de ler essa história muito legal em quadrinhos, com esses breves comentários que teci sobre a obra.

Os personagens são carismáticos ― o cowboy, uma alienígena capturada pelos invasores, diversos índios… e muito da sobrevivência humana se dá ao uso inteligente das “armas” trazidas com/pelos alienígenas ― o que mostra como podemos improvisar com as coisas que temos em mãos e conseguirmos sair de belas enrascadas simplesmente usando o cérebro.

Quando recebi a HQ para resenha, imaginei, já que havia visto o prólogo, que gostaria dela. Mas eu não gostei apenas… eu adorei! O traço do restante da graphic novel é diferente da parte inicial do prólogo, tiramos as fotos para mostrar como é. Já a história, apesar de curta, a sensação de completude ao terminar de lê-la é ótima. As possibilidades são muito bem amarradas e não faltam aqueles beijos românticos clássicos dos heróis com as heroínas nas páginas finais, claro! Como eu disse e repeti, é uma HQ que haverá de agradar a gregos e troianos ― ou deveria dizer índios e brancos? Alienígenas e humanos?

É uma HQ bem curtinha, são apenas 101 páginas e a ação é bem intensa e constante, o desfecho é bem rápido e, embora seja meio que esperado o final, há elementos comuns de diversas histórias como temáticas similares em uma abordagem simples e belamente executada para ser devorada rapidamente e relida diversas vezes. Essa foi a sensação que a história me passou. Terminei de lê-la e abri um sorriso, pois se eu esperava que a história fosse pelo menos “ok”, mas me surpreendi, a história é linda, mostra os pontos apontados acima com eficácia.

Para refletir: Lembrei-me novamente de Star Trek: “por que quando nos referimos a algo bom em um ser, sempre usamos a palavra “humano”, não é?”

Texto interessante que encontrei sobre Julio Verne aqui.

Resenha: Ana Death Duarte
Fotos do livro e edição das imagens: Alonso Lizzard

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Galera Record

15 comentários em “Resenha da Graphic Novel: Cowboys & Aliens

  1. Eva Mu disse:

    Muito legal.Faria um paralelo nào apenas com a forma dos seres humanos se comportarem entre si e as suas diferentes culturas e raças,mas principalmente para com a maneira egoìsta,estùpida e ditadora com que tratamos as outras formas de vida,animal e vegetal,que tèm a infelicidade de compartilharem este planeta conosco.

  2. Fico imaginando se o livro é no mesmo nível da Graphic Novel.
    Mas gostei bastante dos traços dos desenhos, pelo que deu pra ver das fotos.
    A capa é bem legal também *–*
    Um dia ainda vou lê-la =D
    Ótima resenha como sempre \o/
    Eu me lembro do filme Inimigo Meu, gosto dele bastante.

    Bjs

  3. A Graphic Novel esta com um gráfico muito bom.
    Que pena que vão retirar os indios, tenho um certo receito quando o cinema muda o enredo pra adaptação, a obra perde muito em alguns casos.
    Ainda não li o livro ‘Da Terra à Lua’ de de Verne, fiquei interessada agora em le ele também.
    Bem espero que a adaptação pr ao cinema fique boa também ^^

  4. Alexandre disse:

    Putz, não sabia que iam lançar. boa notícia.

  5. […] Resenha da Graphic Novel: Cowboys & Aliens […]

  6. Eu fiquei tão interessada neste HQ que pedi pra Galera… vou resenhar e fazer promo… no Aniversário do blog… vcs me convenceram… depois desta resenha e imagens… sempre perfeitos!!!!

  7. Gisele Marcondes disse:

    Nossa adoro Graphic novel..pra mim todos os livro seriam assim..nossa que criancisse neh!!!!
    Brincadeira..eh uma forma a mais de viajar numa história legal!!!!!!!

    bjus

  8. Parece ser uma ótima combinação, Aliens com Cowboys, mistura de sci-fi com western. E essa Graphic Novel, parece ser excelente mesmo, ela está na lista de compra. Gostei da resenha espero que tenha mais resenhas de Graphic Novels aqui no site. Parabéns.

  9. Rachel Blanco disse:

    rá, eu estou desesperada pelo filme e pela graphic novel, sem mas.

    • personaldeath disse:

      Ahhhhhhh, vai ter livro romanceado tb xD Vamos resenhá-lo aqui tb ^^
      Aguarde {já vi a amostra em inglês E adorei xD}

  10. Unico comentário possivel: EU QUERO! EU PRECISO!

  11. Elizandra disse:

    Eu quero muito ler esse livro, essa mistura de Cowboy e Alien parece ser muito bom.

  12. tarinajo disse:

    Muito boa essa resenha. Quero muito ver esse filme. Amei 😀

  13. […] mesmo, esse livro pode ser seu… assim como um exemplar da HQ de Cowboys & Aliens (veja a resenha aqui) que vocês já devem saber que eu, Ana, amei muitão! […]

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