Resenha do livro: Come As You Are – A História do Nirvana

Seja você muito fã da banda ou não, não há como negar a influência, a fama e o legado da banda que revolucionou a década de 1990.

“Come As you Are”, biografia escrita pelo jornalista Michael Azerrad, centraliza sua narrativa na trajetória da banda, desde as primeiras tentativas de Kurt em formar uma banda, falando sobre a época em que engatinhavam em caminho ao sucesso na cena underground de Aberdeen, onde Kurt nasceu e morou por um bom tempo até ir para Seattle e continua com os passos de Kurt e da banda até um pouco depois do sucesso atingido com “Nervermind”. A morte de Kurt ocorreu um ano apos o lançamento do livro no original em inglês.

Além dos relatos sobre as atividades, os problemas com a família de Kurt, o andamento da banda em si, constam vários trechos de entrevistas realizadas entre 1992 e 1992. Foram mais de 25 horas de entrevista. Em uma edição que nos remete ao mundo da nostalgia, apos ler vários trechos do livro, é inegável a sensação do quanto a banda fez diferença em uma época com poucos ídolos e a vontade de ouvir aquelas musicas melancólicas de novo, várias e várias vezes.

Segundo o jornal britânico  “The Guardian”, este livro está na 29^a posição na lista de melhores livros de música já escritos.

Repleto de pôsteres, cartazes, desenhos feitos por Kurt e fotos, o livro tem uma leitura que flui, com capítulos centrados no foco ditado pelo título de cada um, em uma leitura que corre tranquila, dando mais e mais vontade de ler o que veio a seguir, bem naquele sentimento nostálgico que eu tive quando li um dos mais comentados livros de música dos últimos tempo, “Mate-me por favor, Uma História Sem Censura do Punk”.

“Eles fizeram 36 shows em 42 dias. Ninguém estava se alimentando muito bem e a viagem era cansativa. Era difícil dormir sentado naqueles assentos cruelmente desconfortáveis. O Nirvana estava frustrado com o seu equipamento sendo perpetuamente detonado, ainda mais porque eles o estavam esfacelando toda noite e depois consertando-o na van no dia seguinte.”

Ficamos sabendo vários detalhes interessantes, como, por exemplo, que Kurt colecionava bonecas antigas assustadoras, as quais pareciam vivas, e colocava argila em outras, como aquela da capa de “Incesticide”, coisas atormentadas relacionadas a seus traumas com a família.

Além de se manter no foco principal, que é contar a trajetória do Nirvana, os bastidores não só do rock em geral como especificamente o rock “alternativo” de Seattle é bem coberto neste livro.

Os bastidores do amor a La Sid & Nancy de Kurt e Courtney, a filha dos dois, a família de Kurt, os tipos de amizade que tinha na escola, as influências musicais, os sonhos, as realizações… é muita coisa nestas 363 páginas de pura história do rock.

“Quando uma banda como o Nirvana sai do underground, isso realmente significa que algo está acontecendo na cultura e não se trata de uma mercadoria”.

Do underground ao mainstream, lemos nesta obra sobre a evolução da idíea de Kurt de ter uma banda até o sucesso cujas marcas estão por aí até hoje.

Em um momento em que os ídolos estão tão descartáveis, buscar refúgio nas histórias de ídolos do passado pode ser uma forma de continuar a ter esperanças… ou, simplesmente, de entrar de cabeça nas lembranças de quando as coisas aconteciam, o sucesso era merecido e não algo efêmero criado por marketeiros de sucesso. Sei que posso soar amarga ao falar assim, mas, infelizmente, vivemos em uma era em que os “ídolos” não duram muito tempo, sendo facilmente substituídos.

Leia aqui o primeiro capítulo.

Resenha: Ana Death Duarte

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